– Moça, esse é o meu gato?
Perguntou a vizinha do alto da janela que, por lei, não deveria ter sido construída a menos de 1,5 m da divisa com o terreno onde moro.
Tiro a minha vista do celular. Olho para o lado. Mal consigo enxergá-lo. Mas sei que Zen está deitado perto de mim, no chão, como de costume.
Era noite. As luzes ainda estavam apagadas, exceto por uma fresta que passava entre eu e o gato. Como ela conseguiu percebê-lo?
Disfarço desatenção. Olho pro celular novamente, depois pra cima.
“Não sei, acho que sim.”
– É porque ele sumiu o dia todo. Não voltou pra casa. Fiquei preocupada.
“Ele fica aqui o tempo todo. Às vezes, some.”
Já era o décimo quinto dia.
* * *
Gatos são não monogâmicos?