O gato, intacto, movimenta apenas as suas orelhas. É o que também faz um predador emocional. Ele parece cochilar, parece desatento, parece não se importar. Mas está observando cada passo da vítima, esperando um momento de desatenção para atacá-la com patada implacável, testando qualquer reação que o satisfaça. O que se repete ad infinitum, até que a vítima desista, canse, se sobrecarregue e paralise diante do gradativo apagamento do seu ser, que definha na tentativa de resgatar a relação (qualquer que seja: amorosa, de amizade, familiar, profissional etc.).
A vítima é uma presa, carrega uma pesada âncora amarrada aos pés, convalesce nas garras do predador. E só cabe ao abusador decidir a intensidade ou frequência, isto é, a punição que a vítima estará condenada, por ele, a carregar.
[…] ix. Desatenção premeditada […]